Brasileiros devem se esforçar mais para vender à China, diz embaixador do país

Autor(es): Sergio Leo | De Brasília
Valor Econômico - 29/03/2011

A China se dispõe a um esforço para garantir "comércio equilibrado" com o Brasil, garantiu o embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqui. Os chineses querem garantir uma "relação duradoura", e ficaram contentes em saber que 300 empresários integrarão a comitiva da presidente Dilma Rousseff, que visitará a China entre os dias 11 a 15 de abril, disse. "A indústria brasileira tem muita competitividade. Não estou de acordo em que, frente à China, os brasileiros não tenham competitividade", disse. "Mas os brasileiros têm de fazer um esforço, ver como está o mercado na China, como concorrer."

As declarações do diplomata mostram que, embora continue apontando obstáculos do lado brasileiro para aumentar as vendas à China, o governo daquele país - como já sinalizou às autoridades brasileiras - já notou que terá de tomar alguma medida para incrementar as compras de bens de maior valor agregado do Brasil. "Se (a relação bilateral) não beneficiar ambos os lados, não dura muito tempo, pode durar cinco, dez anos, mas não será duradoura", argumentou Qiu Xiaoqui.

Ele mostrou otimismo em relação à visita de Dilma, que as autoridades chinesas prometem se empenhar para que seja um sucesso. Qiu Xiaoqui argumenta que as empresas chinesas já vêm diversificando investimentos no país, para além dos setores de matérias-primas que caracterizaram a primeira onda de investimentos chineses no Brasil. Já crescem investimentos em setores como o automobilístico, de alta tecnologia e de equipamentos de telecomunicações, exemplificou.

"A visita (de Dilma) será importante, cheia de resultados concretos", garantiu o embaixador, sem, no entanto, adiantar que tipo de resultado concreto os chineses esperam da viagem. Citando a coordenação entre os governos brasileiro e chinês nas instituições e negociações multilaterais, de comércio e finanças e sobre clima, Qiu Xiaoqui limitou-se a afirmar que espera desdobramentos reais no campo político e econômico, em esporte e cultura.

Os chineses mantêm o interesse em participar da licitação do trem de alta velocidade, embora assessores próximos de Dilma afirmem que a proposta chinesa é inviável por exigir forte importação de insumos e mão de obra da China. Os dois governos devem celebrar novos acordos na área de inovação e ciência e tecnologia, e cooperar nas obras para a Copa do Mundo de futebol de 2014 e Olimpíada de 2016.

Qiu Xiaoqui desconversou quando consultado sobre a possibilidade de a China manifestar apoio às pretensões do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Só um grande consenso entre os países membros poderá estabelecer os critérios para a necessária reforma da Organização das Nações Unidas, disse. A China se opõe à pretensão do japão a um assento permanente, o que limita as manifestações do país sobre o assunto.

Dilma começará no dia 11 uma visita de Estado a Pequim, e, no dia 14, participará da reunião do grupo de países emergentes conhecido como Bric (Brasil, Índia, Rússia e China), que, neste ano, incorporará a África do Sul. No dia 16, vai à cidade chinesa de Boao para um fórum econômico que reúne anualmente parte importante da elite empresarial, política e econômica asiática.

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