Crédito é ferramenta para exportar mais

Autor(es): Adriana Aguilar | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 31/03/2011

Se, no mercado doméstico, crédito é uma palavra essencial para ampliar a capacidade de produção ou permitir maior capital de giro para tocar o dia a dia do negócio, no comércio exterior não é diferente. Os principais bancos oferecem diversas linhas de financiamento, tanto destinadas a propiciar recursos aos exportadores para a produção da mercadoria quanto para a comercialização de seus produtos embarcados no exterior. Há crédito também para a promoção comercial, com foco na participação em eventos e feiras no exterior, o que ajuda o empreendedor a formar uma rede de contatos internacionais interessados em comprar seu produto.

Líder no financiamento ao comércio exterior, o Banco do Brasil tem visto a demanda de crédito à exportação crescer nesse primeiro bimestre na comparação anual. No financiamento às micro, pequenas e médias empresas, a alta foi de 30%, com 1.300 operações, diz o diretor da área internacional da instituição, Admilson Monteiro. "Algumas empresas têm buscado crédito pela primeira vez. O segmento tem muito potencial de crescimento porque nele a internacionalização ainda é baixa em comparação a outros países", analisa o executivo.

Uma das ferramentas que a instituição disponibiliza a seus clientes é um ambiente virtual, chamado Brasil Web Trade, que cobre todos os estágios das transações comerciais, do anúncio ao câmbio de moeda estrangeira, incluindo logística integrada, custódia de pagamentos e outros serviços complementares. "Funciona também como uma vitrine virtual em que o exportador pode fechar um negócio com muita comodidade", diz Monteiro. Há 6 mil empresas cadastradas no serviço.

O BB é também um dos principais agentes do Proger, programa do governo que criou a primeira linha de financiamento às exportações, em reais, destinada a financiar a produção de bens e também as atividades diretamente envolvidas com a promoção da exportação, como a participação em feiras e eventos no exterior. "Essa linha atende à demanda das micro e pequenas empresas com receita anual de até R$ 5 milhões e pode ser usada para ida a eventos lá fora", destaca o executivo. Em 2010, o total desembolsado pelo banco na iniciativa ficou em US$ 1,7 milhão.

No Bradesco, um dos principais agentes financiadores privados do comércio exterior, a demanda por financiamento ao comércio exterior teve alta de 29% no primeiro bimestre. O destaque tem sido a procura das empresas pelo crédito à exportação. "Com o real valorizado, muitas empresas buscam pagar à vista a importação de bens do exterior", diz a diretora de câmbio do banco, Marlene Milan. Nos próximos meses, a alta na demanda por opções de financiamento aos embarques, como os adiantamentos sobre contrato de câmbio (ACC), deve continuar. "Como é um produto de fácil acesso, deve continuar em ascensão", afirma.

Duas das principais linhas de crédito à produção são o ACC e o adiantamento sobre cambiais entregues (ACE). Grosso modo, o ACC é um adiantamento total ou parcial, em moeda nacional, de uma exportação a ser feita. O objetivo é antecipar recursos ao exportador, seja para produção da mercadoria a ser exportada ou previamente ao início da prestação de serviços no exterior. O ACE também é um adiantamento, total ou parcial, de recursos em moeda nacional de uma exportação, mas o adiantamento é feito após o embarque das mercadorias.

"A internacionalização é uma forma de ampliar espaço no mercado, diferenciar o produto e ter um novo olhar sobre o mercado. Além de traçar a estratégia para ingressar no exterior, a presença em eventos e feiras no exterior é uma forma de ter uma rede de contatos, que pode ser tanto de compradores potenciais quanto de novos fornecedores", diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. "Não fazemos promoção comercial, nosso foco é na preparação e orientação dos empresários", afirma o diretor.

"Em um primeiro momento, se a empresa ainda não exporta, participar de eventos no exterior é uma despesa sem receita. Investir US$ 5 mil nisso pode ser alto para um empreendedor, mas alguns bancos e operadoras de turismo podem oferecer linhas de financiamento para que eles estejam preparados", diz Santos.

Com foco nas pequenas e médias empresas, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) organiza ações de promoção comercial em parceria com entidades setoriais, como missões comerciais a países com quem o Brasil se relaciona. "Em recente viagem ao Panamá, neste ano, tivemos 62 empresas, mais do que as 43 que vieram no ano passado, quando fizemos outra missão", afirma Mauricio Borges, presidente da Apex.

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