Mais países barram alimentos

Autor(es): Tatiana Sabadini
Correio Braziliense - 25/03/2011

Rússia, Austrália, Canadá e Cingapura adotam restrições, com temor de contaminação radioativa. Césio e iodo são detectados em vegetais

Seis países já impuseram restrições à importação de alimentos do nordeste do Japão, onde cresce a cada dia a preocupação com a contaminação da comida produzida na região da usina nuclear de Fukushima. Após o alerta emitido pelo governo sobre os níveis anormais de iodo e césio radioativos em vegetais e até na água das torneiras de Tóquio, a população correu para os supermercados, na tentativa de estocar alimentos não perecíveis e garrafas de água mineral. Os danos causados à central de Fukushima pelo terremoto seguido de tsunami, no último dia 11, já provocaram seguidos incidentes de vazamento radioativo, e a situação ainda não foi controlada. Dos 50 funcionários que trabalham diretamente no resfriamento dos reatores atômicos, já considerados heróis no país, dois foram internados ontem com sintomas de intoxicação radioativa.

Austrália, Canadá, Cingapura e Rússia anunciaram, depois de Estados Unidos e França, medidas de para restringir a importação de produtos das zonas próximas a Fukushima. O governo russo detectou um nível de radiação três vezes superior ao normal em um navio japonês que atracou em um porto do Extremo Oriente. O governo brasileiro não impôs e declarou, em nota emitida terça-feira, que deve seguir as instruções da Organização Mundial de Saúde.

Um dia depois de terem recomendado que as crianças não bebessem água corrente e proibido a venda de leite e de11 tipos de verduras provenientes da região próxima à usina nuclear, as autoridades procuraram tranquilizar a população, anunciando que os níveis de iodo-131 na rede de abastecimento caíram. Mas foram detectadas taxas de césio radioativo duas vezes superiores ao padrão em vegetais plantados em Tóquio.

Pescados e frutos do mar, principais fontes de alimentação dos japoneses, passam por inspeções reforçadas desde o início da semana, e os preços caíram pela metade no principal mercado de peixes da capital. Cientistas encontraram presença significativa de radiação em amostras retiradas do mar a 30km da costa, nas imediações de Fukushima, segundo um informe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

De acordo com Kellen Adriana Cursi Daros, física do departamento de diagnostico por imagem e pesquisadora de proteção de radiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os materiais radioativos encontrados no Japão são tóxicos, porém em doses que não prejudicam a saúde. “As medidas são mais uma forma de prevenção. O governo japonês é muito sério em relação ao efeito da radiação, afinal foram eles que criaram os parâmetros, depois da bomba de Hiroshima. O limite é rígido e eles têm muita experiência no estudo do efeito que uma radiação”, afirma a especialista.

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