Estado é campeão em royalties sobre o petróleo e o gás

Autor(es): Cláudia Schüffner | Do Rio
Valor Econômico - 31/03/2011

Mais do que a "cidade maravilhosa" elogiada pelo presidente Barack Obama e cantada em prosa e verso, o Rio de Janeiro é, incontestavelmente, a capital da energia do Brasil e tão cedo não perderá o posto. A cidade do Rio abriga hoje os escritórios das principais empresas de petróleo do Brasil e tem a sede da Petrobras, terceira maior empresa de energia do mundo em valor de mercado (PFC Energy) e 15ª maior empresa integrada de petróleo no ranking global da "Petroleum Intelligence Weekly".

O Estado é autossuficiente em energia elétrica (gera quase 8 mil megawatts) e responsável por 75% da produção de petróleo do país e 40% da produção de gás. As novas descobertas no pré-sal da bacia de Santos - que fica no litoral do Rio de Janeiro, passando por São Paulo, Paraná e Santa Catarina - estão atraindo centros de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de exploração e produção das grandes empresas prestadores de serviços para a indústria.

O Estado vai receber 41,5% dos US$ 224 bilhões que a Petrobras planeja investir até 2014. Sozinha, a estatal prevê investimentos de US$ 88,3 bilhões no Rio de Janeiro, e o valor sobe para quase US$ 109 bilhões quando contabilizados os parceiros. É o maior orçamento destinado a uma única unidade da federação, com volume equivalente a 81% dos recursos que serão aplicados pela Petrobras na região Sudeste (US$ 134,5 bilhões).

Toda essa atividade econômica causada pela extração do petróleo e do gás permite ao Estado se manter, até agora, como campeão nacional na arrecadação de royalties e participação especial sobre a produção de petróleo e gás: foram R$ 6,4 bilhões somente em 2010. Alguns dos seus municípios, como Macaé e Campos, são a principal porta de entrada no continente para o petróleo produzido na bacia de Campos, enquanto Angra dos Reis, por exemplo é o porto de saída para grande parte do petróleo exportado pelo Brasil.

Em 2011, somente a área de refino da Petrobras, dirigida por Paulo Roberto Costa, investirá R$ 430 milhões em instalações para receber e escoar GLP e outros combustíveis em Cabiúnas e na Ilha Comprida, dentro do Plangás. Outros R$ 120 milhões serão aportados na Refinaria Duque de Caxias (Reduc).

No momento, o maior investimento da Petrobras no Estado é o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que vai receber este ano R$ 3 bilhões. O orçamento final do projeto ainda não é conhecido, já que o complexo será construído em três fases, pela ordem: uma refinaria com capacidade de processar 165 mil barris de petróleo por dia, uma petroquímica e outra refinaria idêntica à primeira, com a mesma capacidade.

Trata-se, segundo Costa, "do maior investimento da Petrobras em todos os tempos em um mesmo local", referindo-se à área de abastecimento, que também constrói refinarias em Pernambuco, Maranhão e Ceará.

A área de exploração e produção de petróleo e gás da Petrobras tem números gigantes para o Rio. Estão previstos US$ 83,9 bilhões em investimentos até 2014, mas o novo plano de negócios pode até aumentar esses números. Os valores englobam dispêndios com perfuração de poços, desenvolvimento de campos do pré-sal - o mais importante deles é Tupi (batizado de Lula) -, além da construção de cinco plataformas flutuantes do tipo FPSO previstas no plano estratégico até 2014. Serão duas para o campo de Roncador (P-55 e P-62), duas para Papa-Terra (P-61 e P-63) e uma para Marlim (P-56).

A relação da Petrobras com o Rio vem de seu nascimento, em 1953. Desde então ela já investiu R$ 350 bilhões no Estado. A presença da estatal atraiu para perto as companhias de petróleo que chegaram ao Brasil na última década. A britânica BG, que recentemente anunciou planos de investir US$ 30 bilhões no país, abriu novo escritório no prédio onde trabalham executivos das áreas de exploração e produção de sua sócia.

O grupo EBX, do empresário Eike Batista, planeja investir R$ 37 bilhões em diversos projetos que estão em diferentes fases de desenvolvimento no Rio de Janeiro até 2020. O valor inclui a montagem de dois portos de grande porte - o Superporto do Açu, que terá investimento de R$ 3,4 bilhões, e o Superporto do Sudeste, de R$ 1,8 bilhão - um estaleiro, termelétricas a gás e a carvão e o início do desenvolvimento da produção de petróleo pela OGX.

A petroleira de Batista, uma das mais novas do país e com presença na parte fluminense da bacia de Campos, fechará 2012 tendo investido R$ 4,2 bilhões em exploração de petróleo no Rio. A empresa foi responsável pelo maior número de perfurações no país em 2010 entre as companhias privadas que operam no país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo.

As empresas estrangeiras que trouxeram seus centros de pesquisa para o Rio vão estudar junto com a Petrobras tecnologias eletromagnéticas para melhorar a caracterização de reservatórios profundos; tecnologias de ressonância magnética nuclear para analisar reservatórios complexos e sensores eletroquímicos de ácido sulfídrico, entre outros temas importantes para colocar em produção as reservas encontradas no pré-sal da bacia de Santos.

"Queremos ter no Brasil o polo tecnológico da indústria de óleo, gás e energia da próxima década. Para isso não basta expandir o Cenpes. O ambiente inovador brasileiro, como um todo, tem que crescer. Nossas universidades têm de participar desse movimento e nossos principais fornecedores têm de ter aqui seu desenvolvimento tecnológico", afirmou Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente-executivo do Cenpes, em entrevista recente ao Valor.

É no Rio que estão instaladas as duas usinas nucleares do país e onde será construída a terceira planta, todas em Angra dos Reis. Com orçamento de R$ 9,3 bilhões até o momento, a Eletronuclear já está conduzindo as obras de Angra 3, a terceira usina nuclear do país instalada no litoral sul do Estado.

Somando-se a geração das usinas nucleares existentes, das térmicas a gás e das hidrelétricas instaladas no Estado, o Rio tem capacidade de gerar 7.870 megawatts de energia. Angra 3 terá 1.405 megawatts, um fator de carga de 85% e vai aumentar ainda mais a capacidade de geração de energia do Rio.

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