Depois de atrasos, a ligação entre Ilhéus e Barreiras começa este ano

Autor(es): Lauro Veiga Filho | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico - 28/03/2011

As obras da primeira etapa da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), ligando Ilhéus a Barreiras, no oeste baiano, foram iniciadas neste ano, com atraso. O prazo inicial de partida - julho de 2010 - já havia sido prorrogado para outubro. Contemplada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como prioritária para o futuro do sistema de logística do País, a Fiol continua gerando polêmicas, com potencial para afetar o planejamento estabelecido pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, estatal que detém a concessão da via.

A empresa enfrenta a atrasos nas desapropriações, além de dificuldades na área ambiental em pelo menos dois de seus trechos. As pendências com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não foram totalmente sanadas, principalmente nos trechos dos lotes 6 e 7 da ferrovia, respectivamente em Correntina e Barreiras, ambos em território baiano. Pelo projeto inicial, os trilhos no lote 6 passarão sobre diversas cavernas, cruzando o patrimônio espeleológico no oeste baiano, o que tem provocadoi discussões com grupos ambientalistas e retardado o licenciamento ambiental.

Atualmente, as obras estão sendo executadas em quatro lotes, num percurso total de 536,5 quilômetros e custos estimados em R$ 2,368 bilhões. Até o final do ano passado, a Fiol havia recebido investimentos de R$ 671,2 milhões e mais R$ 4,73 bilhões estão previstos entre 2011 e o dezembro de 2012, quando a Valec espera concluir a instalação dos 1.022 quilômetros previstos entre Ilhéus e Barreiras, num total de R$ 5,401 bilhões. Mas não há garantias de que a previsão será cumprida. Em novembro do ano passado, o projeto chegou a ser incluído na relação de obras do PAC que, na avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), deveriam ser paralisadas por suspeitas de irregularidades e superfaturamento.

A Valec estima que a ferrovia consumirá, no total, perto de R$ 7,43 bilhões até 2014, numa projeção otimista, o que permitirá sua interligação à Estrada de Ferro Carajás, da Vale, e à Ferrovia Norte-Sul, criando um corredor alternativo para transporte de minérios e grãos para os portos da região Norte e para o terminal de Ponta da Tulha, em Ilhéus (BA). Estudos iniciais da Valec sugerem uma demanda potencial próxima de 52 milhões de toneladas de carga para 2018, das quais 45 milhões seriam de minério de ferro destinado à exportação, além de soja e farelo (4,4 milhões de toneladas), milho, açúcar e álcool e algodão.

A expectativa é de que o projeto transforme a região em um polo de atração de investimentos para o agronegócio. Um primeiro sinal nessa direção é o protocolo de intenções que será assinado pelo governo da Bahia e os chineses do Chongqing Grain Group Corporation Limited Liability Company, durante a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país. O projeto que prevê a montagem de um polo de esmagamento e refino de óleo e exportação de soja e derivados na região de Barreiras, com investimentos da ordem de R$ 4,0 bilhões. A previsão é de que as obras sejam iniciadas já em maio, com início das operações previsto para 2012.

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