Portugueses querem mais acesso ao mercado brasileiro

Autor(es): Assis Moreira | De Genebra
Valor Econômico - 25/03/2011

Quando desembarcar em Lisboa, na semana que vem, a presidente Dilma Rousseff vai ouvir muitas demandas de estímulo aos investimentos bilaterais, com empresas portuguesas tentando desesperadamente sair da recessão doméstica e entrar num mercado em expansão. Uma coligação de "salvação nacional" que eventualmente surgir das urnas, na próxima eleição, manterá um doloroso plano de austeridade com outra roupagem, e precisará da ajuda de amigos.

Diariamente, a embaixada brasileira em Lisboa recebe pedidos de informação de empresas para fazer negócios no Brasil, de um lado em razão das perspectivas da Copa do Mundo de futebol de 2014 e da Olimpíada de 2016, e cada vez mais pela situação econômica interna desastrosa.

A crise portuguesa está tão séria que até um projeto de comemorações portuguesas no Brasil em 2011 corre o risco de ser suspenso, por razões financeiras.

As atenções estão focadas nos ajustes nas finanças. É muito provável a privatização da TAP, que já tem uma importante fatia do mercado brasileiro. Existe a expectativa que uma companhia brasileira se interesse pelo negócio. Uma declaração atribuída ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, de que uma companhia brasileira estaria examinando entrar no capital da TAP, mantém os rumores, apesar de Gol e TAM terem desmentido o interesse. Em Lisboa, a ideia é que o tema entre na agenda de conversas das autoridades portuguesas com a presidente Dilma.

Os portugueses gostariam de ver a Petrobras voltar a examinar o plano de comprar a parte da ENI italiana na Galp, a companhia de petróleo portuguesa. Ainda mais que Petrobras e Galp são parceiras no desenvolvimento de áreas no pré-sal. A empresa portuguesa diz ter planos de captar € 2 bilhões para financiar investimentos no país. Autoridades portuguesas querem discutir também mais cooperação na área energética.

Além disso, quem saiu do Brasil quer voltar. É o caso da Brisa, que vendeu sua participação na CCR e com isso seu lucro cresceu 420% no ano passado. As perspectivas estão mais no Brasil do que na Europa. Basta ver também o caso mencionado em Lisboa da Telefônica, que saiu da Vivo fechando o ano com lucro de € 5,6 bilhões, 730% superior a 2009, e depois entrou na Oi.

Já a Portucel, empresa da área de celulose, quer ver seu problema ser examinado pelas autoridades. Tinha um plano de instalação de fábrica no Estado do Mato Grosso do Sul, mas foi atingido em pleno voo pelo parecer da Advocacia-Geral da União, que restringe a compra de terras por estrangeiros.

Outro tema é sobre consequências da entrada da Votorantim e da Camargo Corrêa como principais acionistas na cimenteira Cimpor. As três não podem participar da mesma licitação no país, em razão de excesso de concentração do mercado. Discussões prosseguem sobre o que fazer juridicamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário, muito obrigado pela sua visita!