Sem financiamento, vendas de máquinas param

Autor(es): Gustavo Porto
O Estado de S. Paulo - 02/03/2011

A suspensão do financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), determinada pelo BNDES, paralisou 80% das vendas para o setor agrícola. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

"Foi uma enorme surpresa, pois o governo tirou do produtor o único mecanismo para aquisição de máquinas", afirma o diretor-adjunto da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, José Carlos Pedreira de Freitas.

Prorrogação. Freitas recorda que desde o ano passado os setores de bens de capital negociavam a prorrogação do PSI e havia um consenso pela continuidade. "A alteração seria nos juros, de 5,5% ao ano, para 6,5% a 7%."

O BNDES alegou que os recursos destinados ao programa, de R$ 130 bilhões, já estariam comprometidos a pouco mais de um mês do fim, em 31 de março. A suspensão do PSI surpreendeu as empresas, sobretudo porque o governo não comunicou a decisão. "Os bancos sabiam, informaram os produtores e só assim nós ficamos sabendo", lamentou o diretor da Industrial Page, Amilcar Rostro, empresa produtora de silos e equipamentos para a armazenagem em Araranguá (SC).

De acordo com Rostro, a suspensão ocorre no momento em que o setor de armazenagem projeta alta de 30% no faturamento para 2011, de uma receita anual de R$ 800 milhões em 2010, para mais de R$ 1 bilhão este ano. "Não sabemos o que vai acontecer", comentou.

Já o diretor-comercial Francisco Maturro, da Jumil, indústria de implementos em Batatais (SP), cobrou que "o governo precisa se posicionar imediatamente sobre o tema para tranquilizar o produtor e as indústrias".

Maturro lembra que a decisão do BNDES ocorre "justamente quando o produtor investe em máquinas e implementos para a colheita da maior safra agrícola da história".