Relutantes, mas unidos

Autor(es): Daniel Rittner | De Buenos Aires
Valor Econômico - 25/03/2011

A assinatura do Tratado de Assunção, documento que marca a entrada em vigência do Mercosul, completa 20 anos neste sábado, sem muitas celebrações. De US$ 2,3 bilhões em 1991, as exportações brasileiras para Argentina, Uruguai e Paraguai ultrapassam hoje US$ 23 bilhões por ano, mas representam uma proporção cada vez menor do comércio exterior do Brasil. No fim dos anos 90, o bloco chegou a absorver 14% das vendas brasileiras, mas agora representa 11%.
O número de empresas brasileiras instaladas na Argentina sextuplicou e os países do Mercosul só negociam acordos comerciais em conjunto. O protecionismo argentino, no entanto, continua barrando produtos brasileiros na fronteira e questões cotidianas, como o reconhecimento de diplomas universitários ou a tramitação de documentos, ainda dificultam a vida dos cidadãos do bloco.

O Valor ouviu, nos últimos dias, três personagens emblemáticos na história do Mercosul. Luis Alberto Lacalle, ex-presidente do Uruguai e hoje um dos líderes da oposição no Senado, diz que "não reconhece o filho" e pede "teste de DNA para assumir sua paternidade". Domingo Cavallo, o ex-ministro da Economia que implementou o Plano de Convertibilidade na Argentina, adotou em 2001 uma série de exceções à tarifa comum de importação que prejudicam a competitividade de bens de capital brasileiros no país vizinho e valem até hoje. José Botafogo Gonçalves, ex-embaixador do Brasil em Buenos Aires, cita a explosão do comércio dentro do Mercosul para argumentar que o Brasil foi o principal beneficiário entre os quatro sócios do bloco.

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