Dólar fecha em alta após atuação do Banco Central

Por Eduardo Campos | Valor
SÃO PAULO – O mercado de câmbio teve um pregão de elevada instabilidade nesta segunda-feira, mas no fim das contas as ordens de compra acabaram prevalecendo.

O evento do dia foi a atuação do Banco Central (BC) no mercado à vista. Desde 13 de setembro do ano passado a autoridade monetária não comprava moeda em leilão à vista.

Depois de subir a R$ 1,744 (+1,57%) e cair a R$ 1,714 (-0,17%), o dólar comercial terminou o dia negociado a R$ 1,727, alta de 0,58% sobre o fechamento da sexta-feira. O giro estimado para o interbancário estava em US$ 1,8 bilhão.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou com valorização de 0,45%, a R$ 1,7228, e volume de US$ 81,75 milhões. Também na BM&F, o dólar com vencimento em março ganhava 0,49%, a R$ 1,737, antes do ajuste final.

Segundo o economista da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, a entrada do BC no mercado à vista dá um melhor equilíbrio ao mercado de câmbio.

Até então, faltava um comprador de última instância no mercado, papel que vinha sendo feito pelos bancos que absorviam o fluxo externo e carregavam posição comprada no mercado à vista.

Quando o banco compra moeda à vista, vende dólar futuro como uma forma de zerar sua exposição cambial, conforme recomenda a boa prática de mercado.

Esse aumento de oferta de dólar futuro vinha promovendo uma queda acentuada no cupom cambial (DDI – juro em dólar). Agora, com o BC se propondo a absorver o fluxo físico, essa oferta de dólar futuro deve ficar melhor equacionada, o que também deve retirar pressão de baixa do mercado de cupom cambial.

De acordo com Barbutti, ao mostrar que está disposto a atuar no mercado, o BC também tira os “vendidos” da zona de conforto. O especular do intradia vai pensar um pouco mais antes de abrir posição.

“O BC está disposto a absorver o fluxo presente e futuro de moeda. O que parece correto em um ambiente de liquidez abundante e empresas que seguem captando recursos”, explica o economista.

Com a operação estimada de US$ 1 bilhão da Brasil Telecom, as captações externas no ano já passam dos US$ 15 bilhões. Ainda falta entrar na conta uma proposta de captação do Santander.

A compra à vista do BC aconteceu por volta das 14h50 e teve taxa de corte de R$ 1,717. Na sexta-feira, o BC tinha feito um leilão de compra de dólares a termo, operação que não era realizada desde 26 de julho do ano passado. A liquidação da compra a termo será em 20 de março e a taxa de corte da operação foi de R$ 1,7383.

No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, operava com alta de 0,20%, a 79,10 pontos, mas fez máxima a 79,52 pontos. Já o euro rondava a estabilidade a US$ 1,311, depois de cair a US$ 1,302.

O foco segue na Grécia e nas negociações com Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia (CE) para a liberação de novo pacote de ajuda. As negociações devem ser retomadas na terça-feira.

(Eduardo Campos | Valor)

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