Dólar tem maior queda mensal desde outubro

Autor(es): Por Eduardo Campos e Filipe Pacheco | De São Paulo
Valor Econômico - 01/02/2012

Investidores de diferentes partes do mundo encararam com bons olhos o pacto fechado na segunda-feira entre líderes europeus em Bruxelas, que limita o déficit público. O clima de bom humor contribuiu para que o dólar perdesse valor em diferentes partes do mundo e o mesmo ocorreu em relação ao real. Dos 21 pregões de janeiro, o dólar teve alta em apenas seis deles. Com isso, a moeda fecha o mês acumulando queda de 6,53%, maior queda mensal desde outubro do ano passado, quando a queda foi de 9,46%.

Onte, o dólar comercial terminou a terça-feira com queda de 0,11%, a R$ 1,747 na venda. No câmbio externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, subia 0,24% a 79,33 pontos. O euro perdia 0,52%, a US$ 1,307, mas chegou a fazer máxima a R$ 1,321.

Na relação inversa, o real fica entre as moedas com maior valorização ante o dólar no mundo neste começo de ano. A moeda brasileira divide o topo do ranking com o peso mexicano.

De fato, todas as principais moedas emergentes e mesmo desenvolvidas ganharam do dólar em janeiro, conforme a menor preocupação com a zona do euro abriu espaço para uma retomada das posições em ativos de risco.

No caso do real, os operadores chamam atenção para o elevado fluxo de recursos externos. Até a sexta-feira, dia 20, a sobra de dólares no mercado local beirava os US$ 6,7 bilhões.

Para uma parte do mercado, o ingresso de recursos deve continuar firme. Conforme a situação na Europa se acalma, a liquidez liberada pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, pode ir em busca de oportunidades em outros mercados.

Por aqui, mesmo com a queda da Selic, a taxa de juros segue elevada para padrões internacionais, o que funciona como atrativo para investimentos. Fora isso, o mercado assiste a um aumento nas captações externas e também se espera a retomada das ofertas de ações.

Outra fatia do mercado, no entanto, enxerga esse movimento como pontual. A crise externa não foi resolvida e qualquer sinal de problema pode resultar em firme reversão desse fluxo de dólares. Outros pontos negativos seriam a expectativa de menor crescimento das exportações, em função do fraco crescimento global, bem como de preços de commodities estáveis ou com viés de baixa, algo que prejudica os termos de troca do país.

O dia começou com viés positivo lá fora depois do acordo fechado ontem entre os líderes da zona do euro, que além de acertar metas para o campo fiscal anunciaram medidas para estimular o crescimento e o emprego. Os países da União Europeia (UE) - com exceção do Reino Unido e da República Tcheca, que não usam o euro - aprovaram na segunda-feira um novo pacto fiscal bem mais duro, com punição para países que romperem limites da dívida. O acordo marca vitória da Alemanha, que em troca deve contribuir com apoio financeiro aos governos em dificuldades da zona do euro.

A tendência mudou depois que indicadores americanos ficaram aquém do previsto.

Investidores também aguardam a decisão quanto às conversas entre autoridades gregas e credores privados, que seguem em diálogo sobre possíveis renegociações em relação à dívida soberana do país.

No extremo oriental do mundo, o iene se aproximou, ontem, do nível mais alto ante o dólar desde outubro do ano passado, quando autoridades japonesas atuaram no mercado de câmbio para conter a valorização da moeda. Investidores voltaram a considerar uma nova atuação do Banco do Japão no câmbio.

A lira, por sua vez, subiu para o nível mais alto em dois meses e meio, ontem, após o presidente do Banco Central, Erdem Basci, dizer que não prevê necessidade de intervenção para deter o avanço da moeda neste ano. Os bônus ampliaram os ganhos.

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