Obama cria equipe contra o comércio desleal

Autor(es): Doug Palmer | Reuters, de Washington
Valor Econômico - 29/02/2012

O presidente dos EUA, Barack Obama, cumprindo uma promessa de reforçar a aplicação de acordos comerciais, assinou ontem ordem executiva criando uma nova equipe de governo para se certificar de que a China e outros países respeitem as regras.

"Os trabalhadores americanos são os melhores trabalhadores na Terra e, quando competem em igualdade de condições, eu garanto: os EUA vencerão sempre", disse Obama em discurso no sindicato United Auto Workers, de cuja ajuda ele precisará em vários Estados para se reeleger em novembro. A nova unidade "mobilizará todos os recursos do governo federal na investigação e combate às práticas de comércio desleais em todo o mundo, inclusive de países como a China", disse Obama.

A iniciativa acontece num momento em que Obama vem enfrentado críticas do candidato presidencial republicano Mitt Romney pela maneira como vem se conduzindo em relação à China, após o déficit comercial com o país asiático ter atingido um recorde de US$ 295,5 bilhões em 2011.

Além disso, dois relatórios publicados ontem levantam preocupações diante da competitividade chinesa, que recebe apoio estatal, e defendem que os EUA tomem uma série de medidas para reagir.

Foi em seu discurso anual sobre o Estado da União, no mês passado, que Obama esboçou pela primeira vez o plano para criar a Interagency Trade Enforcement Unit (Itec). Obama focou particularmente os chineses, que acusou de esbanjarem subsídios em favor de suas empresas e de não se empenharem para impedir a falsificação de produtos americanos.

Neste mês, a Casa Branca propôs gastar US$ 26 milhões para contratar entre 50 e 60 funcionários para ajudar a reprimir práticas desleais de comércio exterior. A ordem executiva determina que o representante comercial dos EUA, Ron Kirk, escolha um diretor para liderar a nova unidade, que terá um vice-diretor escolhido pelo secretário de Comércio dos EUA, John Bryson.

A nova equipe "tornará mais fácil, para o USTR [Escritório do Representante Comercial dos EUA] e o Departamento de Comércio, unir forças - com o apoio e a colaboração de secretarias parceiras, como da Agricultura, Segurança Interna, Justiça, Estado, Tesouro e a comunidade de inteligência - para garantir que os parceiros comerciais dos EUA atuem respeitando as regras", disse Kirk.

A Information Technology & Innovation Foundation, uma entidade de estudos e análises em Washington, em novo relatório publicado ontem, acusou a China de recorrer a manipulação cambial, subsídios, tarifas, transferências forçadas de tecnologia, restrições a exportações, fixação de normas e de outras políticas para conquistar uma "vantagem absoluta" em favor de empresas chinesas em um ampla leque de setores.

"Embora praticamente todos os governos tenham criado políticas de desenvolvimento econômico para ampliar sua vantagens competitivas, a China desenvolveu o conjunto mais abrangente de políticas, e a maioria delas descumpre o espírito, se não a letra, da lei da OMC [Organização Mundial de Comércio]", diz o relatório. "É hora de dizer: "basta"".

Um segundo relatório, do escritório do senador democrata Ron Wyden, advertiu que os EUA estão "perdendo terreno para a China no campo da economia de produtos ambientais" por causa do agressivo empenho de Pequim na promoção de seus setores de tecnologias renováveis. "O sistema [de comércio mundial] entra em colapso quando os participantes em todo o mundo não conseguem cumprir suas regras. Isso é particularmente verdadeiro quando o país que parece estar desrespeitando as regras tem a segunda maior economia do mundo", disse o documento.

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