Brasil a caminho do 5º lugar no ranking da indústria farmacêutica

Fonte: Aduaneiras
Por: Andréa Campos

Uma parceria entre a Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) e a Apex-Brasil pretende avançar na internacionalização das empresas do setor e ampliar as exportações de seus produtos. Por meio do Projeto Setorial Integrado (PSI), até o final de 2012, serão investidos mais de três milhões de reais em ações, como feiras, rodadas de negócios e estudos de inteligência comercial.

Para o presidente do Conselho Abiquifi, José Correia da Silva, uma das vantagens da internacionalização é a consequente melhoria dos processos e a padronização da produção. Porém, avalia que é um caminho árduo, em que a “maior barreira é pular o obstáculo do desconhecido e o medo do empresário em se expor e saltar para o mercado externo”.

Segundo dados da Abiquifi, em 2010, o Brasil exportou em torno de US$ 1,7 bilhão em medicamentos e insumos farmacêuticos, o que representa crescimento de 22,5%, no comparativo com 2009, e de mais de 100% em relação a 2007. Além disso, uma pesquisa do Instituto IMS Health aponta que o Brasil deve se tornar a 5ª maior economia farmacêutica até o final de 2015 – hoje ocupa a 7ª posição.

Entretanto, o saldo da balança comercial da cadeia farmoquímica-farmacêutica é negativo. Em 2010, o déficit registrado foi de US$ 6,339 bilhões, que representou aumento de 25% sobre 2009, quando fechou em US$ 5,057 bilhões. Para Silva, não deve existir movimentos no sentido de restringir importações, mas equilibrar a balança com o aumento de exportadores.

Novo patamar

Em relação aos farmoquímicos, o primeiro quadrimestre de 2011 registrou 45% no crescimento das exportações, quando comparado com os mesmos meses de 2010. Já os medicamentos, tiveram aumento de 28%, para o período. Segundo a Abiquifi, se a tendência continuar, certamente será alcançado novo patamar nas exportações da cadeia produtiva, o qual será superior a US$ 2 bilhões.

Na avaliação dos gestores do projeto, a iniciativa propicia que as empresas se tornem competitivas no mercado externo e os trabalhos demandados possam subsidiar o governo com informações para a criação de instrumentos estratégicos para o setor, além de permitir a formulação de política adequada para a área.

De acordo com o gestor de projetos da Apex-Brasil, Hélio Lôbo, é importante detectar qual a vantagem competitiva da indústria brasileira e repensar processos para tornar efetiva a internacionalização das empresas.

Lôbo destaca que a Apex-Brasil tem mais de 80 projetos, em diferentes setores, de alimentos a partes de aviação, cada qual com sua especificidade. “Estamos divididos em grupos gestores, cada um com projetos específicos, e a Abiquifi é um deles. A meta para atingir com o investimento inicial é 150 milhões de dólares [em exportações], das empresas que já estão no projeto”, explica.

O setor tem 15 empresas integradas ao projeto e a pretensão é chegar a
50, “com maior foco na inserção da pequena e média empresa no esforço de internacionalização”, revela o gestor da Apex-Brasil, ao destacar que o número deve ser alcançado até o final de 2012.

A intensificação das ações do PSI poderá ser conferida na próxima edição da CPhI Worldwide (principal feira internacional do setor), que contará com estande para expositores interessados e atendimento para quem desejar indicações de fornecedores e informações sobre a feira e a gama de serviços.

O projeto inclui uma avaliação dos mercados a serem trabalhados para os próximos dois anos, segundo a economista Virginia Eickhoff Haag, que destaca como característica do programa o planejamento construído com a participação das empresas.

Cultura exportadora

Segundo Virginia, o produto nacional conta com qualidade, parque fabril em condição de excelência, diversidade de portfólio, com produção em escala, além de produtos inovadores em algumas empresas. Por outro lado, é preciso atenção a fatores como custo de produção, falta de cultura exportadora, burocracia nas exportações, lentidão em processos de registros e a questão do prazo de pagamento que não é favorável quando comparado ao adotado pela concorrência internacional.

Uma das preocupações do projeto é mobilizar novas empresas para ter grupo mais forte, promovendo mudança na cultura das organizações para envolvê-las no processo de internacionalização. “A ideia é promover ações para facilitar a atuação do gerente de exportação para implantar um processo de internacionalização na empresa”, resume Virginia.

Para os mercados mais exigentes, a especialista considera que o caminho será avançar no marco regulatório. Tais mercados são parte do plano traçado para o período 2013/2015.

O projeto apoia-se em quatro eixos estruturantes. Um deles relaciona-se com a informação de mercado, no qual são levantadas as características dos mercados-alvo, prospecção e missões. Outro eixo diz respeito à promoção e imagem da empresa e, para tanto, a Apex-Brasil utiliza projetos e feiras que permitem aproximar compradores e vendedores. Capacitação e mudança cultural são outros aspectos trabalhados, com previsão de cursos e workshops para promover o desenvolvimento da atividade exportadora. Completam a estrutura do PSI o marco regulatório e a desburocratização.

Para as empresas interessadas em participar do projeto, os gestores destacam que não há taxas financeiras de participação, sendo os custos restritos à aquisição de estande em feiras, como a CPhI, em que ainda é possível contar com subsídio da Apex-Brasil da ordem de 48,5%. Para tanto, é preciso preencher e enviar o Cadastro de Adesão para a Agência, que é a condição para participação das empresas nas ações de adequação e promoção comercial bem como em reuniões do grupo.

Objetivos do projeto de internacionalização

– Promover a imagem da indústria brasileira no mercado externo, com melhor alinhamento entre a imagem e o potencial da indústria nacional.
– Aprimoramento das empresas em termos de informações críticas de mercado, atendimento aos requisitos de registro de produtos, cultura e estratégias para internacionalização.
– Aumentar a base exportadora.
– Aumentar a participação das empresas brasileiras nos mercados priorizados.

Países-alvo
Fármacos: México, Rússia, Alemanha, Espanha, Colômbia e Argentina.
Farmacêutico: México, Venezuela, Arábia Saudita, África do Sul, Angola e Colômbia.

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