Euro amplia perdas e vai ao menor nível em oito meses ante o dólar

Valor Econômico
04/10/2011

Por Allison Bennett e Keith Jenkins | Bloomberg - O euro caiu para um nível inferior à sua baixa recorde de uma década em relação ao iene, diante do conflito entre os ministros das Finanças europeus em torno da expansão da capacidade do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, pelas iniciais em inglês). A moeda de 17 países da União Europeia caiu para seu nível mais baixo dos últimos oito meses no câmbio com o dólar, quando o futuro presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que a falta de confiança pode estar entre os motivos dos "problemas de financiamento" dos bancos.

O iene subiu em relação às suas principais congêneres, uma vez que as principais indústrias manufatureiras do Japão continuaram abaixo dos níveis computados antes do terremoto de março, o maior já ocorrido no país. O dólar americano foi a moeda de melhor desempenho depois do iene, diante da queda do Índice Standard & Poor"s 500 para um patamar inferior ao seu recorde de baixa de fechamento do ano como um todo.

"O debate persistente dentro da União Europeia realmente solapa a possibilidade de que se alcance algum tipo de progresso concreto por meio do aumento dos recursos de salvamento financeiro para a região e da prevenção do contágio", disse Kathy Lien, diretora de pesquisa cambial, da corretora de câmbio online GFT Forex, de Nova York. "A variação a que se está assistindo é um reflexo da decepção dos investidores com a ausência de avanço."

O euro tinha recuado 1,6%, para 101,49 ienes, às 14h04 em Nova York, em relação aos 103,12 ienes anteriores. A moeda Europeia alcançou 101,41 ienes, seu valor mais baixo desde junho de 2001. O euro sofreu uma depreciação de 1,1% em relação à moeda americana, para US$ 1,3244 por euro, em relação ao US$ 1,3387 de 30 de setembro, após cair para US$ 1,3233 por euro, seu nível mais baixo desde 18 de janeiro. O dólar recuou 0,5, para 76,66 ienes.

O fenômeno conhecido como de "cruzamento da morte" (o rompimento da barreira da média móvel de curto prazo pela média móvel de longo prazo) está se aproximando à medida que as duas médias móveis de 50 dias caem rumo à média móvel de 200 dias, segundo dados reunidos pela "Bloomberg". "O cruzamento do impulso técnico é mais um sinal de potenciais riscos de baixa", disse Mark McCormick, estrategista cambial lotado em Nova York da Brown Brothers Harriman & Co. "Poderemos ver o euro cair para a zona de US$ 1,28 no fim do ano."

No caso de a média móvel de curto prazo cair para níveis inferiores à de longo prazo, a depreciação do euro deverá persistir para US$ 1,30, disse Taso Anastasiou, estrategista técnico de câmbio do UBS de Zurique. O índice de força relativa de sete dias do euro caiu para 25,8 pontos, ficando abaixo do nível de 30 pontos pelo segundo dia consecutivo. Uma pontuação inferior a 30 indica que o preço de um ativo pode ter caído rápido demais e que pode estar sujeito a recuperação.

A diferença do número de apostadores por meio dos fundos de hedge e outros grandes especuladores na queda do euro em relação aos que investem numa alta - o total líquido dos portadores de posições vendidas - subiu para 82.473 na semana encerrada a 30 de setembro. Esse total é maior que os 79.460 da semana anterior, segundo revelou estatística da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, pelas iniciais em inglês) a 30 de setembro. Os operadores que preveem o fortalecimento do dólar no câmbio com o euro, o iene, a libra esterlina, o franco suíço e o peso mexicano, bem como os dólares de Austrália, Canadá e Nova Zelândia, dispararam para 128.155 contratos a 27 de setembro, o número mais elevado desde junho de 2010, segundo dados da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, pelas iniciais em inglês) reunidos pela Bloomberg.

Os ministros da Fazenda da UE se reuniram ontem em Luxemburgo antes da reUnião do BCE, marcada para o dia 6 de outubro. O ministro da Fazenda de Luxemburgo, Luc Frieden, disse que a capacidade do EFSF é "suficiente", ao falar ontem à imprensa em Luxemburgo. A ministra da Fazenda da Espanha, Elena Salgado, disse que o fundo precisa de maior capacidade. O titular alemão da pasta, Wolfgang Schaeuble, ponderou que os países da zona do euro deveriam esperar até as mudanças do EFSF serem ratificadas antes de discutir um aumento de sua capacidade. "O mercado está em atitude de esperar para ver, esperando para ouvir dos ministros das Finanças europeus, portanto nós ainda temos um mercado movido por anúncios oficiais", disse Brian Dolan, estrategista-chefe da FOREX.com, uma divisão da corretora de câmbio on-line Gain Capital, do Estado de Nova Jersey.

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